Pesquisadores associam problemas à infecção pelo vírus da zika. 75% dos bebês estudados apresentaram alterações na retina.
Onze pesquisadores participaram de um estudo inédito sobre a incidência de anormalidades oculares em bebês com a malformação da microcefalia que, de acordo com o Ministério da Saúde, possui relações com o vírus zika. Dez bebês, nascidos entre maio e dezembro de 2015, foram estudados e 75% apresentaram alterações na retina, uma das camadas do olho responsável pela captação de imagens.
A pesquisa foi conduzida pela Fundação Altino Ventura, em parceria com profissionais do Hospital de Olhos de Pernambuco, Hospital Barão de Lucena, Oswaldo Cruz e do Departamento de Oftalmologia da Escola Paulista de Medicina, ligada à Universidade Estadual de São Paulo (Unesp).
Inicialmente, três recém-nascidos com a malformação foram estudados. Eles tinham alterações na retina em apenas um dos olhos. Na pesquisa, os dez bebês apresentaram um novo e ainda mais alarmante resultado. De acordo com a médica Camila Ventura, que coordena o estudo de infecção congênita por zika, os problemas de visão podem levar à cegueira.
"A gente percebe que essas crianças que tiveram uma infecção congênita pelo vírus zika tiveram tanto uma alteração no nervo ótico quanto na região da retina. Essas alterações levam a uma baixa de visão importante e podem levar até à cegueira se nada for feito. Elas são alterações graves e precisam de ajuda oftalmológica para uma intervenção e um resultado melhor para essas crianças", afirma.
Segundo a pesquisa, dos 20 olhos dos dez bebês, quinze, o equivalente a 75%, já tinham alterações na retina. Nove olhos, correspondendo a 45% dos examinados, já possuiam comprometimento do nervo óptico, que é quem conduz informações do olhos a serem processadas pelo cérebro.
As mães que foram analisadas não apresentaram problemas nos olhos no momento do exame. 75% delas disseram que tiveram mal-estar, rash (manchas vermelhas na pele) e dor nas articulações durante a gravidez.
Mesmo com o alto número de alterações nos olhos, Camila acredita que o estudo ainda não pode tratar como maioria as crianças com microcefalia que podem ter problemas de visão.
Camila Ventura coordena pesquisa sobre infecção por zika (Foto: Reprodução/TV Globo) |
"Através dessa publicação a gente detectou que existem alterações no fundo do olho dessas crianças, mas a gente não pode generalizar que é a maioria. A gente vê que na maioria das crianças as alterações são bilaterais, que os dois olhos estão acometidos e que são alterações graves. Mas a gente precisa de mais estudos para afirmar isso", completa a pesquisadora.
As mães com bebês com microcefalia que ainda não procuraram um oftalmologista devem buscar um centro especializado. Segundo Camila Ventura, se o tratamento para problemas oftalmológicos for iniciado entre três e seis meses, há uma melhora no desenvolvimento visual dos bebês.
Fonte: g1.globo.com
Fonte: g1.globo.com
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